segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Desfolho álbuns de fotografias

Hoje sinto-me tonta, fraca...continuo triste. Se existe algum sentimento em mim que mereça realce será mesmo o de tristeza por me saber impotente. Sinto que tenho tantas coisas para fazer, que há inúmeras activades em que gostaria de me ver envolvida, participar... mas não tenho força absolutamente nenhuma.
Que se passará comigo?...Quando é que chegas fase boa? Anseio por ti...



Desfolho álbuns de fotografias


De caras quase desconhecidas
Dias dispersos de um bem-querer dedicado
Bandejas de iguarias de paladar adocicado
Com bolinhos coloridos e tão bem enfeitados
Como excessivas as contas de supermercado

Planos, ementas, receitas complexas
Recheios brindados com tanto amor
Aos entes queridos que se ausentaram
Porque morreram, mudaram, ou se afastaram

Tanta gente que invade as nossas vidas
Por instantes fugazes sem qualquer expressão
Se soubéssemos que dessa festa elaborada
Restaria saudade, desilusão ou talvez nada

Pois muitos daqueles a quem nós dedicámos
O tempo, a quadra e a afeição
Não mais voltarão, nem nos enternecerão

Só os vemos partir e deixar-nos a mágoa
De os ver abalar sem ninharia que os prenda
Como se fosse o nosso ego que os mantivesse
Presos em laços passageiros e efémeros,
Conjunturas propícias para a intimidade

Que partam então em paz
Nas vossas várias direcções
Que na fotografia ficou a memória
A recordação dos vossos sorrisos
A vossa presença só teve lugar
Porque eu fui talvez escolhida
Para aprender em vida
Para vos receber

Esta foi a gesta da existência que eu tenho vivido
Receber quem necessita dos meus braços abertos,
A façanha de dar de mim o melhor que sei e que posso
A tantos que incidentalmente me têm surgido
Para vos ver depois abalar como se eu nunca tivesse ocorrido.

Luisa Alves

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